sábado, 3 de maio de 2014

Distinguindo a Surdocegueira e a Deficiência Múltipla


Distinguindo Surdocegueira e Deficiência Múltipla

 


 

Rita de Cássia Domingos de Lima

 

Segundo Maia (2011, p.1) a “surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes”. Existem vários tipos de surdocegueira como: surdocego total, surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual, surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual, surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira, surdocego com perdas leves tanto auditivas quanto visuais. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida.

Por muito tempo, a surdocegueira foi considerada uma deficiência múltipla. Porém em 1991, vários profissionais, familiares e pessoas com surdocegueira se uniram para uma “Ação Afirmativa” para reconhecimento da surdocegueira como uma deficiência única. Tudo isso ocorreu em virtude de não se beneficiarem dos programas educacionais para pessoas somente com surdez e ou de pessoas com deficiência visual.

A deficiência múltipla de acordo com a Lei 7.853 de 24/10/1984 é definida como: a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual, visual, auditiva, física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.

Com relação às necessidades básicas desses alunos concordamos com Serpa (2002, p.2) ao afirmar que “a comunicação é o aspecto mais importante, e por isto, deve-se focar nela a atenção na implementação do programa educacional/terapêutico, já que é o ponto de partida para chegar a qualquer aprendizagem”.

Importa informar que o corpo é a realidade mais imediata do ser humano. É a partir e por meio dele, que o ser humano descobre o mundo a si mesmo. Logo, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de suma importância.

A esse respeito Bosco, Mesquita e Maia (2010, p.11) afirmam que: “as pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla que não apresentam graves problemas motores precisam aprender a usar as duas mãos”.  Isso “[...] para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação”. O tato é o sentido, depois da visão e da audição que pode oferecer mais informação.

Concordamos com os autores ao afirmarem que “todo trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente.” (BOSCO, MESQUITA, MAIA, 2010, p.12).

Várias estratégias são utilizadas para aquisição da comunicação da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla.  A caixa de antecipação será a primeira estratégia de comunicação e devem ser utilizadas com alunos que ainda não têm nenhum sistema formal de comunicação. Os objetos de referência é outra estratégia utilizada que tem significado especial, o qual tem a função de substituir a palavra e, assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles.  Os símbolos tangíveis “são objetos ou figuras que vão no lugar de, ou representam algo sobre o qual queremos comunicar”. (ROWLAND e SCHWEIGERT, 2005, p.2)

As Pistas também são estratégias usadas para aquisição da comunicação para a pessoa com surdocegueira ou deficiência múltipla. As pistas podem ser de contexto, de movimentos, e pistas táteis.

 

REFERÊNCIAS:

BOSCO, Ismênia C.M.G.; MESQUITA, Sandra R.S.H. MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar – Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010). Capítulo 1 – A pessoa com Surdocegueira. Capítulo 2 – A pessoa com Deficiência Múltipla. Capítulo 3 – Necessidades Específicas das Pessoas com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla.

MAIA, Shirley R. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla. São Paulo – 2011.

ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip – Soluções Tangíveis para Indivíduos com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeio. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia-2013.